Andaluzia: La Macarena, símbolo da religiosidade dos Sevilhanos

Se há uma coisa da qual não me posso queixar nesta viagem à Andaluzia é do tempo: temperaturas sempre acima de 30 graus e muito sol. Os valores não são de estranhar, dado que fui na última semana de Setembro de 2010 para terra de mis hermanos.

Depois do dia extenuante vivido na Isla Mágica, decidi rumar ao bairro de La Macarena munido de muita água, alguma comida, máquina fotográfica, ténis e roupa confortável. De autocarro desde o hotel até ao bairro, situado às margens do Guadalquivir na zona norte da cidade, foram 30 minutos.

O Bairro de La Macarena é considerado um dos mais caros de Sevilha, tendo um património valioso, do qual pontuam diversas igrejas, conventos e o seu famoso arco de entrada. Ao contrário do que se pensa, a origem do nome do bairro não está relacionada com a virgem conhecida como “Macarena”, mas pode ter as suas origens ou num vocábulo árabe, “Macarea”, ou numa palavra romana, “Macarius”.

Trajecto feito no bairro de La Macarena

O percurso do segundo dia começou junto do arco, depois de ter observado atentamente o Parlamento de Andalucia, que ocupa agora o edifício do antigo Hospital de las Cinco Llagas. Este edifício, representado no mapa pela letra A, data de 1558 e funcionou como hospital até 1972, tendo-se tornado na sede do Parlamento apenas em 1992, ano em que a cidade acolheu a Exposição Universal, vulgarmente Expo’92. É possível visitar o seu anterior, mas as entradas estão sujeitas a marcação prévia.

Parlamento de Andalucia

A Basílica de la Hermandad de La Macarena, o arco (C no mapa) e as muralhas árabes (B no mapa), datadas do século XII e reconstruídas entre 1723 e 1795, estão situadas mesmo à frente do Parlamento. O arco é o verdadeiro símbolo deste bairro e foi, outrora, uma das portas de entrada da cidade. Durante a Semana Santa, passa debaixo dele a Virgen de La Macarena, o adorado ícone religioso da cidade, levada em procissão num carro alegórico prateado. Ali ao lado, está a Basílica de La Macarena, construída em 1949, cuja entrada é livre e onde se pode ver a Virgen de la Macarena, famosa pela expressão do seu rosto, e o museu, que contém acessórios, mantos, túnicas e várias peças desta irmandade.

Muralhas de La Macarena

Arco de La Macarena

Basília de La Macarena

Tesoro de La Macarena

Seguindo a Calle Resolana, entrei rapidamente na Calle Feria, uma zona de comércio tradicional, repleta de igrejas, mercadinhos, bares de tapas e muita gente nas ruas. A meio desta rua, está a Parroquia del Omnium Sanctorum (E), uma das jóias da arte gótico-mudéjar da cidade, datada de 1249. Foi ali que se fundou uma das primeiras irmandades de penitência, a de Jesus Nazareno. A paróquia está aberta de quartas a segundas de manhã e às terças à tarde. Dali à Igreja de San Juan de la Palma é um salto (F), sempre seguindo a Calle Feria.

Parroquia del Omnium Sanctorum

Igreja San Juan de la Palma

Igreja San Juan de la Palma

Esta igreja, que abre para visitas todos os dias da semana, embora nem sempre de manhã ou de tarde, é a sede da irmandade de La Amargura e também denota influências da arte gótico-mudéjar. Passando pelo Palácio de las Dueñas (G) e seguindo pela Calle de Castellar, cheguei à praça de San Marcos, local onde está a igreja mudéjar com o mesmo nome (H). Junto a ela está a Capela de Nossa Senhora das Dores e os conventos de Santa Isabel e de Santa Paula.

Depois da pausa para almoço, segui pela Calle Socorro até à Praça San Roman, onde está a igreja (I) com o mesmo nome, também de estilo mudéjar. Passando pela Calle Sol alcancei a Igreja de los Terceros (J), sede da irmandade da Sagrada Cena e dali prossegui rapidamente para a Calle de Doña Maria Coronel para ver a Paróquia de San Pedro (L), onde terminei o meu percurso. Esta igreja, que permite visitas diárias de manhã e de tarde, foi a paróquia de baptizo do pintor Diego Velásquez e é hoje a sede da Irmandade de Cristo de Burgos.

Paróquia de San Roman

Igreja de San Pedro

Um dia passado no bairro de La Macarena permite compreender, de uma forma sucinta, a religiosidade dos sevilhanos. Cada esquina do bairro tem uma igreja ou um convento diferente, que acabam por ir adocicando as bocas dos turistas com os tradicionais doces conventuais. O Bairro de La Macarena é um dos mais populares e antigos da cidade, sendo bem conhecida a rivalidade existente com o bairro de Triana, do outro lado do Guadalquivir. Para quem quiser fugir um pouco dos locais apinhados de turistas do Bairro de Santa Cruz, onde a Giralda, a catedral e o Real Alcázar estão situados, a Macarena é uma boa alternativa. E sempre para andar a pé.

O Bairro de La Macarena oferece, contudo, bem mais ao turista do que aquilo que vi. A Paróquia de San Gil Abad, a igreja de Santa Marina, a de San Luis (considerada a igreja de estilo rococó mais sumptuosa da cidade), ou a Basília del Gran Poder são disso bons exemplos. O itinerário fica bem em conta, uma vez que na maior parte destes locais as entradas são gratuitas. A Macarena abre um infinito número de mini-roteiros por entre as suas infindáveis e labirínticas calles. Basta um mapa na mão e algum sentido de orientação.

About Desporto: viajar

Jornalista de profissão, devorador de viagens por paixão. Sempre que me quiserem encontrar, vou estar por aí.

3 responses to “Andaluzia: La Macarena, símbolo da religiosidade dos Sevilhanos”

  1. Margarida says :

    Olá Bruno

    Vim retribuir a visita!!Obrigado por seguir o Viagens de Margarida…fico muito contente por saber que gosta do meu Blog!
    Fotos magníficas de Sevilha!
    Vou passar por aqui mais vezes,com certeza!
    Um abraço

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  2. Margarida says :

    Bruno

    Fico á espera dos posts sobre Córdoba,uma cidade que eu ainda não conheço ,e das suas impressões sobre Roma quando voltar de viagem!
    Abraço

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