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Istambul: Sultanahmet I – O Palácio Topkapi

Os lugares de interesse mais importantes de Istambul estão localizados na região de Sultanahmet, bem no centro histórico da cidade. Foi aqui, no coração de Istambul, que os palácios dos imperadores foram sendo construídos durante o império Romano e os períodos Bizantino e Otomano. As maiores igrejas, as mesquitas mais gloriosas e alguns dos melhores museus de Istambul também se situam nesta área.

Vista aérea de Sultanahmet

Vista aérea de Sultanahmet

De modo a visitar pormenorizadamente algumas das melhores atracções de Istambul, como o museu de Hagia Sophia, os Museus Arqueológicos ou o Palácio Topkapi, deverá dedicar alguns dos seus dias de visita apenas e só a esta área da cidade. Vamos começar pelo Palácio Topkapi.

Vista geral do Palácio Topkapi, D.R.

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Chegando à entrada principal do Topkapi

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Imediações do Palácio Topkapi

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Entrada para o segundo pátio, portão Imperial

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Palácio Topkapi, um dos pátios interiores, portão da Saudação

O Palácio Topkapi

Localizado numa das sete colinas de Istambul, o Palácio Topkapi é seguramente o lugar histórico mais importante a visitar em toda a cidade. O local, que é igualmente um museu, é um dos mais visitados na Europa e o mais visitado na Turquia excedendo em média os 3 milhões de visitantes por ano. Circundado por muralhas, o palácio tem cerca de 5 quilómetros de extensão e uma área total duas vezes maior do que a do Vaticano. O nome actual do palácio vem dos enormes canhões localizados nos seus portões e não foi o escolhido inicialmente pelo sultão otomano que o mandou edificar em 1475, após a conquista de Istambul pelos turcos em 1453.

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Vista sobre o Corno de Ouro e Uskudar desde o Topkapi

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Corno de Ouro

Um total de 28 torres protegiam as cerca de 5 mil pessoas que viviam intra-muros, desde membros da família real, classes dirigentes, altos dignatários, soldados, criados, entre outros. Os edifícios originais foram sucumbindo ao longo dos tempos, tendo sido restaurados mais tarde. O processo explica assim a manifestação de diferentes estilos arquitectónicos no interior do Topkapi. Este é, na verdade, constituído por duas partes: uma primeira, o Enderun, era o local onde vivia o sultão e os membros da dinastia; a outra, o Birun, era o local onde residiam os importantes empregados civis que executavam todo o tipo de tarefas.

Uma visita guiada ao palácio começa forçosamente pela entrada principal onde é possível adentrar para um grande e vasto pátio. O primeiro pátio. Do lado direito deste pátio está a esquadra da polícia, as residências dos empregados do palácio, a padaria do palácio, as ruínas de um hospital e, por fim, o mar de Mármara. Do lado esquerdo está, entre outros edifícios, o do Museu Arqueológico de Istambul. Passando para lá deste primeiro pátio, damos com uma segunda porta principal. E com um novo pátio. É a partir deste que a verdadeira visita ao Topkapi começa.

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Tulipas e visitantes no primeiro pátio

  • As cozinhas e a coleção de porcelana

Localizadas na ala direita deste segundo pátio, as cozinhas eram o local onde trabalhavam mais de 1200 pessoas, 25 por cento da força laboral existente na altura no palácio. Aqui também ficavam os dormitórios dos empregados, a mesquita os banhos e a despensa. Cada uma das dez salas que formavam o edifício da cozinha era utilizado para cozinhar para pessoas de diferentes estatutos sociais. Todos os dias eram ali preparadas em média cerca de 20 mil refeições.

Pátio e cozinhas, à direita, D.R.

Cozinhas do palácio, D.R.

Grande parte deste complexo de cozinhas alberga a terceira maior coleção de porcelana em todo o mundo, constituída por mais de 12 mil peças únicas. Apenas um quarto do espólio está em exposição. As peças estão dispostas cronologicamente, começando na chinesa Dinastia Tang (sécs. VII a X) e terminando em porcelanas europeias produzidas nos sécs. XVIII e XIX. Há ainda enormes caldeirões e utensílios de cozinha otomanos em exposição, bem como objectos feitos de vidro produzidos em Istambul e presentes em prata oferecidos ao palácio.

Porcelana chinesa, D.R.

  • O Harem

O Harem era o local onde o sultão vivia com a sua família. Se no início o Harem era apenas um conjunto de edifícios em madeira sem grande significado, mais tarde este deu lugar a um grande complexo de edifícios com cerca de 300 quartos, apenas uma parte dos quais aberta a visitação hoje em dia. Para realizar essa visita, tem de estar integrado num tour guiado.

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Pátio dos Eunucos

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Harem, interior

O harem estava totalmente isolado do mundo exterior e a entrada era apenas permitida a parentes mais próximos do sultão e a todos aqueles que trabalhavam no seu interior. Não muçulmanos não tinham hipótese de lá entrar obviamente. Alguns sultões tinham relações com 4 mulheres, outros com centenas. Todas elas viviam no harem numa atmosfera competitiva, uma vez que todas queriam dar à luz o primeiro filho do sultão, tornando-se assim a sua preferida entre todas as restantes. Era a única forma de garantirem o seu futuro.

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Pátio das concubinas

Hall imperial, no Harem, D.R.

O Harem é composto por três largos pátios e pelos quartos dispostos à sua volta. Estes pertenciam à Rainha-Mãe, às mulheres do sultão, ao príncipe herdeiro, às concubinas e aos Eunucos negros, homens fortes tornados cativos durante as guerras imperiais em África, responsáveis por proteger o Harem. A visita guiada ao local leva-o a ver os quartos dos Eunucos, o Pátio dos Azulejos, a Escola do Príncipe Herdeiro, o Pátio das Mulheres do Sultão, os quartos, a cama da Rainha-Mãe, o quarto do sultão, a sala dos banhos turcos, entre várias outros.

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Mais um pátio interior no Harem, desta vez da Rainha-Mãe

O Tesouro do Império

O tesouro imperial adquirido durante a época Otomana está espalhado desde o século XVII por um vasto conjunto de edifícios tendo sido aberto à visitação do público no séc. XIX. A maioria destas obras de arte, de excepcional valor e maestria, revelam a riqueza deste império e são o resultado   do trabalho dos mestres de joalharia do palácio Topkapi.

Salas do Tesouro Imperial, D.R.

Há um trono em cada sala do tesouro. Na primeira, o trono é feito de ébano e incrustado em marfim. Nesta sala, além do trono, é possível ver, entre outros artefactos, uma bengala decorada com variadas gemas, um presente do imperador alemão Wilhelm II. Já o trono exposto na segunda sala é um trono coberto pertencente ao sultão Ahmet I. Aqui o destaque recai sobre a famosa adaga de Topkapi.

Tesouros, D.R.

Adaga de Topkapi, D.R.

Na terceira sala, o trono exposto é de madeira de nogueira coberta de placas de ouro. Nesta sala, sobressai ainda a famosa colher de diamantes e os candelabros de ouro feitos para o túmulo do profeta Maomé, cada um deles decorados com 6666 diamantes. Na última sala, há um novo trono coberto com placas de ouro e decorado com 25 mil pérolas. A riqueza dos detalhes é impressionante. Se houver tempo, não perca também a coleção de caligrafia e de pintura e a de relógios, ambas próximas da coleção de Tesouros imperiais. A primeira tem, por exemplo, cópias famosas de retratos dos sultões otomanos, enquanto a segunda tem expostos diversos relógios dos sécs. XVI a XX.

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Relógios em exposição, imagem desfocada I

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Relógios em exposição, imagem desfocada II

As Relíquias Sagradas

Ao lado da coleção dos relógios fica a sala das Relíquias Sagradas, uma das três maiores e mais valiosas coleções do Topkapi. São na verdade duas as salas onde estão expostas as várias relíquias sagradas. Na primeira estão expostas fechaduras, chaves e as espadas de quatro califas. Na segunda, há um expositor com os pertences do profeta Maomé: o seu casaco, a espada, a bandeira, o seu arco e flecha, uma pegada, um dente, pêlo da sua barba e uma carta.

Pegada de Maomé, D.R.

Casaco do profeta Maomé, D.R.

Outras salas em destaque

  1. Biblioteca do palácio: construida completamente em mármore, tem expostos cerca de 4 mil manuscritos actualmente;
  2. Pavilhão Sofá e jardim das Tulipas: do interior deste pavilhão, situado no canto do jardim, os sultões admiravam as flores deste elegante espaço verde;
  3. Pavilhão Bagdad: é uma das obras mais elegantes da arquitectura Otomana do séc. XVII com os seus azulejos azuis, cúpula dourada, armários de marfim e carapuça de tartaruga;
  4. Pavilhão Mecidiye: foi o último edifício a ser construído antes de o palácio ser abandonado.

Edifício da biblioteca, D.R.

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Pavilhão Sofá, interior

Pavilhão Bagdad

Pavilhão Bagdad

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Pavilhão Bagdad, interior, repleto de bonitos azulejos azuis

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Vistas da cidade junto do pavilhão Bagdad

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Terraço e jardins, junto do pavilhão Bagdad

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Quiosque junto ao pavilhão Bagdad

Informações úteis:

  • Aberto diariamente, à excepção das Terças-Feiras, das 9 às 16:45h no Inverno;
  • Os bilhetes custam 30 TL. A entrada no Harem é paga à parte e custa mais 15 TL;
  • Não é permitido tirar fotos no interior, nem levar carrinhos de bebe para o interior das salas;
  • É possível comprar audioguias à entrada;
  • Mais informações, aqui.

Istambul: Uma viagem imprevista

Estruturar toda uma viagem para o estrangeiro é uma das partes divertidas da própria viagem em si. Ficamos a conhecer mais o sítio para onde vamos, planeamos o roteiro, tratamos das formalidades, sonhamos com os dias que virão. Mas quando uma viagem é esboçada a tão poucos dias da partida de facto aí o caso muda de figura. Foi o que aconteceu em Junho de 2014 quando eu e uma amiga bloqueámos uma ida de cinco dias até Istambul a apenas duas semanas da data de partida. Uma loucura diriam uns. Uma aventura digo eu. Que acabou por correr bem.

Nesse ano, por ter começado a trabalhar numa nova empresa, não me foi dada oportunidade para marcar previamente as férias. Quem decidiu as datas de pausa foi a empresa consoante as sua disponibilidades de então. Compreensível. Foi assim que vieram as duas semanas em Junho do ano passado. Desolado por não ter com quem viajar, uma vez que não houve conjugação antecipada dos períodos de ferias, desabafei com uma amiga sobre o facto. Por coincidência, ela teria de marcar férias ainda e pediu o mesmo período que eu a fim de fazermos algo juntos. Depois do aval da empresa dela, foi só decidirmos o destino.

Até à última hora, ficámos indecisos entre Praga e Istambul. Sempre quis fazer um circuito pela Turquia que não se circunscrevesse apenas e só a Istambul. Por isso fiquei sempre um pouco reticente em apenas ir à Turquia só para ver a cidade. Não era bem o que tinha planeado. Mas acedi ao desejo da minha amiga em pisar pela primeira vez um país muçulmano (eu já tinha estado no Egito) e lá fomos então parar a Istambul. E a bom ver posso sempre regressar ao país para conhecer o que ainda não conheci. Nessa altura vou aproveitar para rever Istambul.

Foi uma correria para planear a viagem. Basicamente, todas as informações que precisava saber para ir compilei-as para os leitores no anterior post aqui do blog. Como referi anteriormente, optámos por fazer a viagem de avião com a Lufthansa, via Munique, na ida e na volta, e não directamente na Turkish Airlines devido à diferença brutal de preço. A companhia aérea alemã pedia quase menos trezentos euros por pessoa do que a turca. É muito dinheiro. E os horários também eram melhores. Partíamos mais cedo e, apesar da escala de duas horas em cada sentido, também chegaríamos mais cedo a Istambul podendo ainda aproveitar qualquer coisa do primeiro dia para passear. E assim foi.

Escala em Munique, voos da Lufthansa

Escala em Munique, voos da Lufthansa

A viagem com a Lufthansa:

O dia da viagem chegou cedo. Passava pouco tempo depois das 5h da manhã e já tínhamos o check-in feito em Lisboa até Istambul, o nosso destino final. O primeiro trecho da viagem de avião passou rapidamente, sem grandes motivos de interesse para aqui contar. Foi servido um pequeno-almoço quente a bordo e o avião, um Airbus A321, estava quase cheio.

Chegados a Munique foi difícil passar pelo ‘Conection Center’ dada a quantidade de voos a chegar à mesma hora, muitos deles vindos do continente americano com passageiros a quererem chegar rapidamente às suas respectivas salas de embarque. O nosso tempo de conexão foi de pouco mais de duas horas.

Flight Conection Center, aeroporto de Munique

Flight Conection Center, aeroporto de Munique

Pontualmente à hora marcada, um novo Airbus A321 descolou de Munique em direcção a Istambul. Desta vez, foi servido a bordo um almoço quente. Por ser comissário de bordo, pedi no check-in em Lisboa lugares junto a uma das saídas de emergência para os dois trajectos.

Almoço quente servido a bordo na Lufthansa

Almoço quente servido a bordo na Lufthansa

Chegados ao aeroporto de Ataturk em Istambul, passámos rapidamente pela imigração onde os nossos vistos e identidades foram controladas. Junto aos tapetes de recolha de bagagem, tive a única surpresa desagradável da minha viagem a Istambul: a minha mala não apareceu. Estava perdida, algures. A da minha amiga tinha chegado incólume até ao seu destino final. A minha nem vê-la.

Aflito, fui ao ‘Lost & Found‘ contactar com o agente local que prestava auxílio à Lufthansa naquela escala. A bagagem tinha ficado em Munique e por uma razão que até hoje desconheço não tinha embarcado comigo no meu voo. Os funcionários garantiram então que as minhas malas seguiriam ainda no segundo voo do dia de Munique para Istambul e ofereceram-me a possibilidade de fazer chegar as malas, sem mais chatices, até ao meu hotel. Dei a morada e, apesar da angústia grande por não ter a mala comigo, esta lá foi parar à recepção do hotel como combinado. Para aguentar a primeira noite na cidade, a Lufthansa deu-me um daqueles kits básicos de higiene composto por escova e pasta de dentes, after shave, champô e uma pequena amostra de perfume.

Como sair do aeroporto até ao centro/hotel:

Depois de resolvido o problema da bagagem, decidimos apanhar o metro desde o aeroporto até à estação mais próxima do nosso hotel. Já tinha feito o trabalho de casa e sabia bem como chegar ao local que pretendíamos. Dirigimo-nos então à estação Havalimani (linha de metro vermelha ou 1A) no aeroporto.

Caminhando em direcção ao metro

Caminhando em direcção ao metro

Uma vez aí chegados, comprámos o Istambul Kart, um cartão que, mediante o número de viagens carregadas, nos permitiria andar sem restrições e perdas de tempo em toda a rede de transportes públicos da cidade. A opção é bem mais prática do que ter de comprar uma viagem cada vez que se utiliza a rede de transportes. E um só cartão permite a sua utilização conjunta por até 5 pessoas. Para ter o cartão, é preciso pagar uma taxa de 10 TL e carregar, em seguida, com o número de viagens requeridas. Cada viagem tem tradicionalmente o custo de 2TL, mas com o novo cartão esse preço é de 1,95TL.

Dentro do metro

Dentro do metro

Apanhámos em seguida o metro e saímos na estação Zeytinburnu com o objectivo de apanhar o Tramvay 1 (linha azul escura) até à nossa estação final, Karakoy. O trajecto é extenso. 20 paragens depois chegávamos à estação requerida, a primeira logo após a Ponte de Gálata. Pelo caminho conseguimos ver pela primeira vez a Mesquita Azul, Hipódromo e Hagia Sophia, uma vez que o trajecto nos levou bem ao coração do centro histórico de Istambul, Sultanahmet.

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Trajecto de transporte público até ao hotel

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Chegando pela primeira vez a Sultanahmet

Apesar de sermos dois apenas a viajar, foi necessário gastar no total 4 viagens do Istambul Kart (duas por pessoa), porque o sistema considera que, por ter havido transfer de um transporte para o outro, os trajectos são distintos e não complementares um ao outro.

Já no hotel:

Achar o hotel, apesar de próximo da estação (2/3 minutos a pé), foi um pouco complicado, devido ao tráfego intenso na zona. O hotel Gálata Palace está escondido numa rua estreia e quase pedonal. Ultrapassado o pequeno problema, fizemos rapidamente o check-in, onde tive oportunidade de explicar que a minha mala seria entregue na recepção do hotel no dia seguinte, a meu pedido.

O meu hotel

O meu hotel

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O quarto do hotel

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Chuveiro do quarto do hotel

Instalámos-nos no quarto, tomámos um duche refrescante e saímos para explorar a região de Gálata e Taksim como tínhamos previsto. Os empregados do hotel tiveram, contudo, a cortesia de nos oferecer um chá de maçãs turcas antes de nos aventurarmos pela primeira na cidade. Um gesto extremamente amável e reconfortante.

O tal chá de maçãs turcas

O tal chá de maçãs turcas

Istambul: Informações práticas da cidade antes de ir

Bem-vindos a Istambul, Turquia

Bem-vindos a Istambul, Turquia

Harmonia é a palavra que melhor caracteriza Istambul. Nem sei se existe outra que defina tão bem aquela que é a maior e mais conhecida cidade da Turquia, a única no mundo situada em dois continentes. Ali, a Europa e a Ásia andam de mãos dadas, gerando um encontro único entre o Ocidente e o Oriente, com diferentes culturas e religiões a criarem uma ligação única, de características similares. Tudo ali convive graciosa e harmoniosamente.

Outrora conhecida por Bizâncio, nome derivado do seu fundador, e por Constantinopla, graças ao Imperador Constantino, Istambul só ganhou o nome actual depois da sua conquista pelos Otomanos. A grande metrópole também já foi no passado capital da Turquia, tendo perdido o posto para a atual Ankara, em 1923, quando a moderna república passou a existir. As mudanças têm feito da cidade uma das mais populosas da Europa, estimando-se que a sua população actual, quase a atingir 20 milhões de pessoas, duplique a cada dezena e meia de anos.

Graças a esta sua localização estratégica, em ambos os lados do estreito do Bósforo, Istambul sempre teve ao longo dos tempos uma grande importância geo-politicamente. Hoje em dia, a cidade deve ser entendida e visitada tendo em conta três regiões distintas. Duas europeias, separadas entre si pelo chamado Corno de Ouro, e uma asiática. As duas primeiras, designadamente a região de Gálata (Beyoğlu) e a península histórica de Sultanahmet (Fatih), situadas numa das margens do Bósforo, atraem mais pela sua história, comércio e negócios. A asiática (Üsküdar), no outro lado do estreito, tem um cariz mais residencial.

Esta beleza histórica e natural, aliada a um clima moderado, vida nocturna activa, gente encantadora e gastronomia excelente, faz de Istambul destino atractivo para os turistas actualmente. E são quase 4 milhões de visitantes por ano. Como poderia uma cidade com todos estes atractivos não ser, em jeito de conclusão, bela e fascinante?

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Vista de Sultanahmet desde a região de Gálata

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Vista do Bósforo desde o Palácio Topkapi

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Chegando à Mesquita Nova, região dos Bazares, Fatih

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Ponte do Bósforo

Mapa de Istambul: regiões europeias à esquerdas, separadas pelo Corno de Ouro, e parte asiática à direita

Mapa de Istambul: regiões europeias à esquerda, separadas pelo Corno de Ouro, e parte asiática à direita

Como ir:

Há imensas opções desde Portugal para chegar ao principal aeroporto (Ataturk) a servir a cidade de Istambul. Com a Turkish Airlines, há dois voos que ligam diariamente a cidade turca a Lisboa, a saírem da capital portuguesa respectivamente às 11.30 e às 15.45. A partir do Porto, também há quatro frequências semanais com a mesma companhia aérea, nomeadamente aos Sábados, Domingos, Terças e Quintas-Feiras. Os preços rondam os 350 euros e a viagem é de, aproximadamente, 4h30. Também há possibilidade de comprar um bilhete de avião com a TAP Portugal que o colocará num voo operado pela Turkish Airlines, Lufthansa, entre outras. Como o meu bilhete de avião foi comprado com pouca antecedência, optei por viajar com a Lufthansa, via Munique, nos dois sentidos. Quatro viagens bem tranquilas, com bom serviço a bordo, realizadas em A321, e a preço baixo. Também é possível fazer a viagem através da Ibéria, via Madrid, British Airways, por Londres, KLM, parando em Amesterdão, ou Air France, indo a Paris. Naturalmente existirão mais opções de viagem, mas não as vou contemplar todas aqui, por motivos óbvios.

Escala em Munique, voos da Lufthansa

Escala em Munique, voos da Lufthansa

Visto de entrada:

Ninguém pode entrar na Turquia sendo português sem a obtenção de um visto prévio à sua chegada. O visto só se pode obter electronicamente, na Internet, acedendo ao site https://www.evisa.gov.tr/en/. Basta ter consigo o seu passaporte e cartão MB. Depois é só introduzir o dia da sua chegada e o visto fica automaticamente válido por 90 dias. Se houver alterações nessa data terá de ser fazer um novo visto. Não pode alterar o anterior. Depois basta só preencher o formulário com os seus dados oficiais e confirmá-los. Vai receber um email gerado automaticamente a pedir a sua aprovação ao visto, sendo depois necessário pagá-lo. Na data que obtive o meu, Maio de 2014, o custo era de 15€. Uma vez submetidos os dados do seu cartão MB e confirmado o pagamento, vai receber no seu email o visto em formato PDF. Imprima-o, guarde-o, leve-o consigo durante toda a sua viagem a Istambul e apresente-o às autoridades turcas, no aeroporto. O processo é simples e não deve demorar mais de dez minutos.

Visto para a Turquia, exemplo retirado da Internet, D.R.

Visto para a Turquia, exemplo retirado da Internet, D.R.

Roteiro de visita:

Não aconselho a visitar Istambul em menos de três dias. Apesar de a maioria dos seus monumentos e locais de interesse estar relativamente próxima, existem imensos turistas em todo o lado, gerando filas de espera de às vezes muitas horas. É um tempo precioso perdido com o qual tem de contar na sua visita à cidade. Reserve, portanto, cinco dias para conhecer bem Istambul na sua primeira visita. Instale-se no centro, ou na zona de Sultanahmet ou na região de Gálata/Beyoğlu. Há coisas que tem mesmo de visitar.

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İstiklâl Caddesi, à noite

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Mesquita Azul

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Spice Bazaar

Eis o meu roteiro de visita, extenuante, na primeira vez que lá estive:

  • Dia 1 – Viagem / Chegada ao aeroporto e deslocação para hotel / Região de Gálata e Taksim (Ponte de Gálata, Torre de Gálata, rua pedonal İstiklâl Caddesi e praça Taksim);
  • Dia 2 – Sultanahmet – visita ao Palácio Topkapi e Museus Arqueológicos de Istambul. À noite, tempo para assistir a um espectáculo dos Dervixes rodopiantes;
  • Dia 3 – Sultanahmet – dia para explorar Hagia Sophia, Mesquita Azul, Hipódramo e Cisterna de Yerebatan;
  • Dia 4 – Kabataş e Fatih: de manhã ida até ao palácio Dolmabahçe e, em seguida, tempo para a explorar a região dos Bazares, nomeadamente a Mesquita Nova, Spice Bazar, Grand Bazar e a Mesquita Süleymaniye;
  • Dia 5 – Cruzeiro pelo Bósforo acima até à localidade de Anadolu Kavağı, junto ao início do Mar Negro. Final de tarde passado no café Pierre Loti, na zona de Eyüp;
  • Dia 6 – Regresso, de manhã.
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Mesquita Süleymaniye

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Grande Bazaar

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Cruzeiro no Bósforo

Melhor altura para visitar:

As melhores alturas para visitar Istambul são na Primavera, entre Abril e Junho, e no Outono, de Setembro até Novembro. As temperaturas são amenas, os dias solarengos e o turismo na cidade não está no seu auge permitindo visitas mais calmas e menos demoras. No verão, a cidade enche-se de festivais e milhares de turistas, transformando o turismo numa tarefa hercúlea, também devido às altas temperaturas que se fazem sentir. No Inverno, apesar dos poucos turistas, tem de contar com temperaturas abaixo de 0 graus e, por vezes, neve.

Moeda local:

A moeda local é a Lira Turca (TL). Ao câmbio do dia de hoje, 1€ equivale a 3,35 TL. Pode trocar euros em Istambul, embora o desaconselhe a fazer no aeroporto e em zonas mais turísticas na cidade, nomeadamente em Sultanahmet. Optei por trocar euros por liras turcas no aeroporto de Lisboa, embora depois tivesse de fazer novos saques em Istambul. O procedimento é fácil porque há um bom número de ATM’s em toda a cidade.

Moeda local

Moeda local

Onde ficar:

Istambul tem uma enorme oferta de hóteis, em todas as zonas da cidade e, naturalmente, para todas as carteiras. Perca tempo, contudo, a escolher bem a região onde se vai instalar. Se ficar no centro histórico, na parte europeia da cidade, em Sultanahmet, ganha pela proximidade dos locais mais históricos. Mas também vai pagar mais para se alojar, bem mais. Uma boa alternativa poderá ser a região de Gálata, igualmente na parte europeia da cidade. Esta, apesar de um pouco mais longe da zona dos bazares ou Sultanahmet, é bem servida de transportes públicos, com boa frequência de horários e de estações. Sugiro ver o mapa acima neste post para melhor se localizar.

Optei por ficar na zona de Karaköy, junto à ponte de Gálata, bem no centro da zona europeia de Istambul. Do meu lado a norte, estava Gálata, Kabataş, Besiktas e Taksim. A sul, Sultanahmet, Fatih e Eminönü. Considero ter feito uma opção acertada não só porque foi fácil chegar ao hotel vindo do aeroporto, mas também porque diariamente me deslocava com facilidade para todas as zonas da cidade de transporte público. Fiz de novo uma reserva pelo booking.com e desta vez o hotel seleccionado foi o ‘Galata Palace Hotel’. Apesar de ter uma boa pontuação no site, depecionei-me com as suas instalações, atendendo ao pouco isolamento acústico dos quartos e à sua constante iluminação, inclusive de noite, uma vez que estes não têm persianas. O pequeno-almoço também não era grande coisa. Valeu a sua localização soberba e o seu preço atraente para quatro noites.

O meu hotel

O meu hotel

O Islão e como se comportar:

A população de Istambul, apesar de muçulmana, convive bem com outras religiões. Não são tão radicais, consomem bebidas alcóolicas (principalmente cerveja), não têm uma postura tão autoritária relativamente às mulheres e são tolerantes com tudo no geral. Este é um diferencial bastante grande face ao Egito, o outro único país muçulmano onde estive até então. Claro que isto não é motivo para as mulheres saírem na rua, por exemplo, com mini-mini saia ou outro tipo de decores em excesso. Também os carinhos excessivos em público devem ser evitados. Trata-se de uma mera questão de bom senso.

Tradição e modernidade

Tradição e modernidade

O acesso às mesquitas de Istambul obedece, ainda assim, às mesmas regras de outras mesquitas em outros países. É preciso ter os ombros, braços e pernas cobertas e, tanto homens como as mulheres, descalçarem-se à entrada. Na prática, respeitar a religião dos outros, tal como gostaríamos de ser respeitados se estes nos visitassem.

Para entrar nas mesquitas, a saber

Para entrar nas mesquitas, a saber

Os sapatos ficam à entrada

Os sapatos ficam à entrada

Visitei o país numa altura em que se questionava a crescente política de islamização do primeiro-ministro Erdogan. Apesar dos confrontos em Taksim terem acontecido alguns dias antes da minha visita, tive novamente sorte e não encontrei nem tumultos nas ruas nem em momento algum me senti inseguro. Estas políticas de islamização crescentes ou tentativas não devem ter, contudo, muito sucesso porque o sentimento de república está há muito enraizado na sociedade turca. Ficam, ainda assim, algumas luzes sobre o Islamismo:

  • A palavra Islão em Árabe significa Paz e Submissão. Submissão total a um Deus Único para que seja possível alcançar a paz na vida após a morte;
  • Este Deus Único é incomparável, sendo o criador e aquele que olha por todo o Universo;
  • O Islão é, pois, a religião baseada na existência de apenas um Deus e das ‘linhas-mestras’ por ele revelada aos Profetas;
  • Moisés, Salomão e Jesus são, apenas, alguns desses profetas.
Altura de visitar Istambul no blog. Vamos?

Altura de visitar Istambul no blog. Vamos?

Visita rápida ao Museu do Prado

O Museu del Prado, localizado no Paseo del Prado, em Madrid, contém o maior acervo mundial de pintura espanhola, em particular obras de Velázquez e de Goya. O espaço também contém preciosas colecções estrangeiras, particularmente de obras italianas e flamengas, reflectindo o poder da coroa espanhola, bem como o seu domínio no passado sobre o norte de Itália e os Países Baixos. O edifício onde o museu está oficialmente instalado foi concebido por Juan de Villanueva, em estilo neoclássico, em 1785, por ordem de Carlos III. Abriu ao público como museu alguns anos depois, em 1819. A colecção permanente está disposta cronologicamente nos três andares principais. No rés-do-chão, apesar da predominância das exposições temporárias e da escultura, é já possível ver obras-primas de Goya, de Rafael, entre outros. Velázquez domina o primeiro andar, enquanto Goya está novamente presente nos dois andares de cima.

Uma das entradas do Museu do Prado

Uma das entradas do Museu do Prado

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As filas para entrar no Prado

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Estátua de Goya, junto a uma das entradas do museu

Visitei o Museu do Prado em duas horas. À pressa. Poderá ser isto visto como uma blasfémia? Talvez. Mas para quem já tinha pouco tempo para estar em Madrid como eu tinha, as duas horas foram melhor que nada. Valeu o planeamento antecipado da visita que me permitiu entrar no espaço de forma gratuita e ainda ver as 50 obras-primas do museu. Como é que isso foi possível? Eis as dicas principais para não se perder dentro do Prado.

  • É possível não pagar os 14 euros do bilhete oficial e entrar no Prado para ver, ainda que rapidamente, as suas obras-primas. De segunda a sexta-feira, das 18 às 20 horas, as portas do espaço abrem-se aos visitantes durante duas horas sem cobrar nada pela sua visita;
  • Vá cedo porque as filas de espera são certas. Assim evita perder o precioso tempo que tem, somente duas horas, à espera;
  • Assim que chegar ao espaço, junto das bilheteiras, adquira a planta do Museu Nacional do Prado. Escolha a língua que mais lhe convir;
  • Perca cinco minutos e organize a sua visita em redor das salas que mais despertarão a sua curiosidade. Para facilitar esse processo, vá directamente à secção das obras-primas nesse guia e destaque as pinturas dos artistas que pretende ver. Especial atenção para, naturalmente, Goya e Velázquez, mas também para Rembrandt, El Greco, Caravaggio, Rafael, Tiziano ou outros menos conhecidos como Fra Angelico, Van der Weyden e Durer.
  • Já no interior, eis os principais números das salas a reter:

No piso do rés-do-chão, junto das bilheteiras, pode tomar logo contacto com alguma da pintura italiana que compõe o acervo do museu. É nessa ala, na sala 49, que poderá ver a obra-prima de Rafael, ‘O Cardeal’. A secção de pintura italiana do museu, distribuída um pouco pelos três pisos do espaço, abrange desde o primeiro Renascimento, com Fra Angelico ou Botticelli, até ao século XVIII com Tiepolo. Assim, logo ali ao lado, na sala 56B, está ‘A Anunciação’ de Fra Angélico. A pintura flamenga e alemã também se encontram representadas no rés-do-chão, respectivamente, com ‘A descida da cruz’, de Van der Weyden, que se poderá ver na sala 58, e com ‘Adão e Eva’, de Durer, na sala 55B.

‘O Cardeal’, Rafael, D.R.

‘A Anunciação’, Fra Angelico, D.R.

O primeiro piso, por seu lado, contém o miolo das obras-primas do museu do Prado. E muita, mas muita pintura espanhola. É por ali que poderá ser visto, na sala 8B, ‘O cavaleiro com a mão no peito’, de El Greco, e todas as pinturas assinadas por Velázquez, distribuídas pela sala 9A e ao longo das salas 10 a 15. O incrível quadro de ‘As meninas’ domina, por exemplo, toda a sala nº 12. Mas, por ali, também há imensos quadros de Goya, designadamente, ‘A família de Carlos IV’, na sala 32, ‘A Maja nua’, na sala 36, ou ainda o ‘3 de Maio de 1808 em Madrid’, nas salas 64 e 65. Neste piso poderá ainda contactar de novo com obras italianas, de Caravaggio (‘David vencedor de Goliat’, sala 6), Tiepolo (‘Imaculada Conceição’, sala 23) ou Tiziano (‘O imperador Carlos V, a cavalo em Muhlberg’, sala 27). Se for fã de Rembrandt vá directo à sala 16B para ver uma obra-prima do pintor: ‘Judith no banquete de Holofernes’.

‘O cavaleiro com a mão no peito’, El Greco, D.R.

‘As Meninas’, de Velázquez, D.R.

‘O 3 de Maio em Madrid…’, Goya, D.R.

O segundo piso contém ainda alguma pintura espanhola de 1700 a 1800, de onde sobressai ‘O guarda-sol’, de Goya, presente na sala nº 85.

Interior do museu do Prado, D.R.

A pintura espanhola, parte integrante da colecção permanente do Museu del Prado, obedece a um critério cronológico que começa nos murais românicos do século XII e termina com a produção de Goya, já no século XIX. Da colecção, há ainda obras de Ribera, Murillo e outros pintores do chamado Século de Ouro da pintura espanhola. Apesar de estarem reduzidas em número nesta colecção, se comparadas à pintura italiana e flamenga por exemplo, há ainda pinturas britânicas e francesas a salientar. As primeiras, com Gainsborough, Reynolds e Lawrence à cabeça, reflectem a época do esplendor cultural de Inglaterra. Já as francesas, de Poussin e Claude Lorraine, desvendam as relações hispano-francesas durante o século XVII e as aquisições passadas de alguns reis, como Felipe IV ou Felipe V.

  • Para mais informações sobre o museu, favor pesquisar página oficial aqui.

NOTA: Com esta entrada sobre o Museu del Prado termino a série de entradas no blog dedicadas a Madrid. As imagens que constam neste post são retiradas da Internet, devido à impossibilidade de o interior do museu ser fotografado, e como tal os seus direitos são reservados. A partir da próxima semana, uma nova série de entradas tomará o lugar de Madrid. É a vez de Istambul. Até lá.

El Escorial e Valle de los Caídos

A localidade de San Lorenzo de El Escorial esconde dois dos monumentos mais interessantes que alguma vez poderá ver nos arredores de Madrid. O primeiro, bem no centro da pequena cidade, trata-se de um imponente e soturno palácio erguido pelo rei Filipe II para a morada final do seu pai, Carlos I de Espanha. Já o segundo, localizado nas proximidades do aglomerado urbano, é uma enorme cruz mandada construir por Franco em memória daqueles que morreram na guerra civil espanhola. Esta cruz ergue-se por cima do altar-mor de uma basílica totalmente escavada na rocha, local do derradeiro repouso do ditador espanhol. Pela importância que os monumentos têm para Espanha e pela proximidade entre ambos, o ideal será combinar a visita aos dois no mesmo dia. Reserve a manhã para o palácio, sempre mais cheio de visitantes. A tarde dedique-a à contemplação da Santa Cruz del Valle de los Caídos e de tudo o que ela representa. A combinação é imperdível. Ora veja.

Palácio Real de El Escorial

Palácio Real de El Escorial

Santa Cruz del Valle de los Caídos

Santa Cruz del Valle de los Caídos

O Palácio Real de El Escorial

Construído entre 1563 e 1584 a mando de Filipe II, o gigantesco palácio real de El Escorial destaca-se não só pela sua severidade e frieza, mas também por ter lançado um novo estilo arquitectónico e influente em Espanha, o ‘desornamento’, literalmente ‘não decorado’. Situado nos contrafortes da serra de Guadarrama, o palácio real foi construído em honra de São Lourenço e é actualmente o derradeiro repouso de Carlos I de Espanha. O interior do palácio, facilmente visitável numa manhã, foi concebido mais como mausoléu e retiro contemplativo do que como residência sumptuosa. Actualmente, a visita ao palácio leva-o pelos museus de Arquitectura e de Pintura, passando pelos Aposentos Reais (Palacio de los Austrias), pelo Panteão Real, as Salas Capitulares, a Basílica, o Pátio dos Reis e a Biblioteca. O palácio, que é simultaneamente um mosteiro nos dias de hoje, é dirigido desde 1885 por frades.

Palácio Real de El Escorial

Palácio Real de El Escorial

Palácio Real de El Escorial

Palácio Real de El Escorial

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Eu, num dos pátios do palácio

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Basílica

  • Os museus

O palácio de El Escorial tem vários pequenos museus no seu interior. Logo junto da entrada, é possível ver a obra de El Greco ‘O Martírio de São Maurício’. As escadas mais próximas conduzem-no até ao Museu de Arquitectura, onde existem diversas maquetas, planos, esboços e gravuras do palácio. No piso imediatamente acima está localizado o museu de Pintura, que abrange sobretudo obras dos séculos XVI e XVII. Ao longo de praticamente duas dezenas de salas, é possível ver pinturas de grandes mestres italianos, pintura espanhola e mesmo arte flamenga. ‘O Calvário’, do artista flamengo Rogier van der Weyden, do século XV, é uma das mais notáveis.

  • Os aposentos reais

A visita conduzi-lo-á em seguida até ao Palácio de los Austrias ou Aposentos Reais, que circundam toda a zona da basílica. Aqui destaca-se a Sala dos Retratos, que inclui retratos dos reis Carlos I, Filipe II, Filipe III, Filipe IV ou Carlos II, as Salas de los Paseos, cujas paredes estão decoradas com pinturas das vitórias militares espanholas, e o Quarto do Rei, onde é possível ver a cama onde Filipe II morreu em 1598, com vista para o altar-mor da Basílica do palácio.

  • O panteão real

O local onde repousam quase todos os monarcas espanhóis desde Carlos I é aquele que deve ser mais bem explorado por si na sua visita ao palácio. Localizado em baixo do altar-mor da basílica, este panteão com decorações em mármore preto espanhol foi concluído em 1654. Os reis estão alinhados à esquerda, as rainhas colocadas no lado direito. A última pessoa a ser sepultada neste panteão real foi a mãe do rei Juan Carlos I. Perto deste pantão, há um outro, chamado La Tarta, onde estão sepultados os filhos dos reis. O túmulo poligonal em mármore branco é impressionante.

Panteão real, D.R.

  • As salas capitulares

No canto sudeste do palácio, estão localizadas quatro salas capitulares, decoradas com imensas pinturas. Entre as melhores, estão algumas de Ticiano, artista que pintou diversas obras de arte em específico para o palácio de El Escorial, ou Vélazquez. Aqui poderá ver, a título de exemplo, o altar portátil de Carlos I.

  • A basílica

A basílica do Palácio de El Escorial é impressionante. Localizada bem no centro do palácio, a basílica tem na verdade 45 altares e inúmeras atracções do foro artístico. O enorme retábulo foi criado Juan de Herrera, com mármore branco, jaspe, esculturas de bronze dourado e pinturas. É o grande destaque da basílica. A título de curiosidade, a criação do sacrário central ocupou por completo um conhecido ourives de prata italiano durante sete anos. As capelas em torno da basílica têm estátuas de Filipe II e de Carlos I em oração.

Interior da Basílica, D.R.

Interior da Basílica II, D.R.

  • A biblioteca

A biblioteca do palácio foi a primeira biblioteca pública espanhola. Além de conter a colecção pessoal de Filipe II, que a idealizou, a biblioteca teve nos seus tempos áureos mais de 40 mil livros, além de um sem fim de manuscritos preciosos. Nas quatro colunas principais da biblioteca estão retratos da família real espanhola. Ali estão igualmente expostas moedas e a esfera de Ptolomeu de Filipe II que colocava a Terra no cento do Universo (1852).

A bilbioteca, D.R.

A esfera de Filipe II, D.R.

Santa Cruz del Valle de los Caídos

A cruz de mais de 150 metros de altura que Franco mandou erguer em cima de uma basílica escavada na rocha é visível ainda longe do Vale dos Caídos, a muitos quilómetros de distância. Imponente não só pelas dimensões envolvidas, mas também pela história que carrega, a cruz do Vale dos Caídos ainda é vista por alguns espanhóis como um símbolo frio da ditadura franquista. Mas a maioria elogia-a, ainda assim, pela excepcionalidade da própria obra.

O Valle de los Caídos, D.R.

A história do lugar confunde-se com a própria história espanhola. Os prisioneiros de guerra foram os responsáveis pela construção do local, ao longo de duas penosas décadas, embora muitos não tenham aguentado, sucumbindo. É aqui, no interior da basílica, ao lado do altar-mor, que poderá ser observada a branca e lisa pedra tumular do ditador. Do lado oposto, está a de José António Primo de Rivera, fundador da Falange Espanhola.

Interior da basílica, antes de chegar ao altar-mor, D.R.

Interior da basílica, D.R.

O altar-mor, D.R.

Túmulo de Franco, D.R.

A visita ao interior da basílica é possível. Este surpreende-lo-á pela simplicidade, frieza e austeridade. Não é possível fotografar. À frente da basílica, no piso térreo, uma imensa escadaria proporciona vistas assombrosas do vale situado em frente, o Vale dos Caídos. E ali perto há ainda um funicular que o levará até ao topo da montanha, até junto do local onde se ergue a imensa cruz. As vistas lá de cima são avassaladoras. Além dos túmulos de Franco e de Primo de Rovira, também ali estão cerca de 40 mil ataúdes de soldados de ambos os lados da Guerra Civil Espanhola, incluindo os de duas vítimas não identificadas. O local não é visitável.

Chegada ao local, com o funicular e a cruz à esquerda

Chegada ao local, com o funicular e a cruz à esquerda

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A cruz e a entrada da basílica, mais abaixo

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Eu, em frente à Santa Cruz del Valle de los Caídos

Informações úteis:

  • Como chegar a San Lorenzo de El Escorial:

Para chegar até à localidade desde Madrid poderá apanhar o comboio ou ir de autocarro. Eu preferi esta segunda opção, tendo em conta que para visitar o Valle de los Caídos é preciso apanhar um outro autocarro no pequeno terminal da cidade. Assim, desde o Intercambiador da Moncloa, em Madrid, é preciso apanhar o autocarro nº 661 da Autocares Herranz e fazer o trajecto todo, que dura aproximadamente uma hora. Há vários horários de ida e de volta. Para mais informações, basta ver aqui.

Estação de autocarros em San Lorenzo de El Escorial

Estação de autocarros em San Lorenzo de El Escorial

  • Como ir de San Lorenzo de El Escorial até ao Valle de los Caídos:

Desde o terminal de autocarros de San Lorenzo de El Escorial, basta apanhar o autocarro nº 660 que o deixará junto à entrada do complexo do Valle de los Caídos, próximo do funicular que o leva ao topo. O trajecto demora aproximadamente 20 minutos. Mais informações aqui.

  • Não é permitido fotografar no interior dos locais;
  • Horários e preços:

Para visitar o Palácio de El Escorial, no Inverno (a partir de Outubro), basta chegar ao local às 10h. Tem até às 18h para o visitar. Nos meses de Verão, a visita é extensível até às 20h. O bilhete básico custa 10€.

Os horários do Valle de los Caídos são os mesmos do palácio e a entrada também é paga, 9€.

NOTA: Todas as fotos que constem neste post e que sejam do interior dos dois monumentos não são minhas e, como tal, os direitos são reservados.